MAYHEM - Gaga abraça o caos em novo álbum
No sétimo álbum de estúdio, Gaga mostrou o quão relevante ela ainda é.
Quando anunciou o álbum Mayhem, Gaga mostrou uma estética mais dark que muitos fãs interpretaram aquilo como o retorno da cantora às suas raízes. Em seu oitavo álbum, a garota italiana de Nova Iorque surpreende, seja de forma positiva ou negativa.
Erroneamente, muitos fãs ficaram na expectativa de que o álbum seria hiper-produzido, eletrônico e raivoso, o que acontece nas oito primeiras faixas. Mas também, após o caos, vem a calmaria, que termina no dueto premiado com Bruno Mars, “Die With a Smile”.
Mayhem é o trabalho mais maduro de Gaga. Vemos referências à própria carreira dela em várias músicas do projeto. Tem a cantora romântica que flerta com um pop clássico, tem a voz rasgada de roqueira - o que lembra Stefani antes de se tornar Gaga, quando ela tinha uma banda de cover do Led Zeppelin. Há também a Gaga provocateur que vemos desde 2009.
É essa mistura que fez muitos ouvintes se decepcionarem. Esperavam “a volta de Gaga ao dark pop”. Será que não é hora de percebermos que Gaga e sua persona artística é muito mais que isso? A versatilidade aqui merece atenção. Poucos são os artistas que transitam muito bem em todos os gêneros musicais.
Essa versatilidade vem ocorre no decorrer das faixas: Começamos com Disease, que possui uma produção eletrônico-industrial, pesada e para alguns até desconfortável. Abracadabra já puxa mais um piano-house, com referências dark.
Garden of Eden é o puro sumo do pop dos anos 2010, com os sintetizadores bem fortes. Essa lembra os trabalhos de Britney Spears, em especial o Blackout (2007) e Circus (2008). Inclusive, um dos principais produtores do MAYHEM , o canadense Cirkut, já trabalhou com Britney no álbum de 2008, com Kesha e MARINA, no Electra Heart (2012).
Perfect Celebrity traz a raiva com outro som. Se em outras faixas é o sintetizador bruto que toca, aqui a guitarra cumpre esse papel. Com uma letra aberta a interpretações sobre o preço e perigo da fama - tema abordado no primeiro disco da cantora, The Fame, em 2008 - A voz acompanhada de uma guitarra frenética mostra que a maturidade nunca fez tão bem à Gaga que foi considerada uma one-hit-wonder com sua voz anasalada de 2008.
Killah e Don’t Call Tonight possuem uma guitarra marcante dos anos 70-80, com referências diretas a Prince e Bowie. Duas canções marcantes, especialmente a primeira, que traz vocais poderosos beirando o heavy metal.
O romance com o atual noivo da artista, Michael Polansky também é visto e ouvido neste álbum. Ele não só foi creditado como compositor em algumas, como foi a inspiração para Blade Of Grass, “A” balada do álbum. Só gogó, um piano e pouca instrumentação. O que também é muito Gaga.
À medida que saímos de músicas com muitas camadas de produção, entramos num lado mais calmo e, de certa forma, introspectivo. Se Disease contava com várias camadas de produção e instrumentação pesada, em Die With A Smile, Gaga e Mars gritam que amariam a pessoa amada até o fim dos tempos. A canção que encerra o MAYHEM possui a instrumentação básica de uma música pop - voz, piano, guitarra, baixo e bateria.
Ainda é cedo para dizer que este é o melhor álbum de Gaga, mas afirmo que é o trabalho mais maduro - tanto em estética quanto voz - desde o Joanne (2016). Afinal, she’s a perfect celebrity!
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