Para Ziraldo... Com amor.
Ziraldo deixou o mundo no sábado, 6 de abril de 2024, aos 91 anos. Quando li a notícia, me abalei, apesar de ter noção de que tudo nessa vida terrena um dia tem fim e de que nunca teria como entrevistá-lo, que era uma das minhas metas como ser humano e futuro jornalista.
Ainda me sinto de certa forma próximo de Ziraldo por alguns fatores:
1 - Nascemos no mesmo dia, 24 de outubro. Mesmo eu tendo nascido quase 70 anos depois que ele. Alguma coisa astrológica talvez nos unisse;
2 - O primeiro livro que li, ainda na pré-escola, foi O Menino Maluquinho
Ainda tenho a minha cópia do Menino Maluquinho, que também passou pelas mãos da minha irmã do meio. Na época que ela pegou no livro, ainda nem sabia ler, mas sabia manusear canetinhas coloridas, e acabou rabiscando algumas partes do livro.
Essa arte especial feita pela minha irmã em um dos meus primeiros livros me causou uma revolta silenciosa por alguns anos. Talvez minha forma de reagir tenha sido mordendo as mãos e pés das bonecas Barbie que ela possuía (ou isso foi só homofobia internalizada e rejeição ao feminino).
Enfim, aprendi com o tempo que essa intervenção da minha irmã no livro comprovava o seu funcionamento no espaço-tempo. Ela talvez não entendeu o livro, mas se sentiu tocada por ele e decidiu pintá-lo. As obras de Ziraldo foram quadro-branco para muitas crianças.
Ziraldo também foi o primeiro amigo de muitas delas também. Com ilustrações fascinantes e narrativas cativantes, ele trazia conforto e uma sensação familiar aos pequenos leitores.
A internet ficou muito comovida com o falecimento de Ziraldo e surgiram vários posts com outras artes dele, projetos para a Playboy, campanhas de Governo e todo um universo ‘Zidalristico’ que não conhecia.
Surgiram também vários relatos e fotos de pessoas que tiraram foto ou tiveram algo autografado por ele e me subiu uma inveja. Queria muito ter algo com o nome dele escrito a caneta ou uma dedicatória fofa ou ele ter ouvido de mim coisas banais como “seu livro mudou minha vida! Sabia que nascemos no mesmo dia?”
Que Ziraldo descanse em paz e que sua arte viva sempre.