Simplesmente, Madonna
Aqui vai meu relato sobre a Celebration Tour e como é gostoso ser da mesma época que Madonna!
Mas é claro que quem vos escreve, Mario Henrique Lima, um amante da música pop falaria sobre a experiência de assistir o show da Madonna em Copacabana. Começamos assim…
Uma das fotos de divulgação da Celebration Tour. Todos os direitos reservados.
Quando eu tinha lá pelos meus oito anos e consumia música pop por meio dos videoclipes que passavam na TV fechada, como Mix TV, Play TV e MTV sempre aparecia o clipe de Celebration ou o de Hung Up. Eu adorava, me fazia dançar, e logo depois vinha um clipe da Lady Gaga. Isso foi em 2008-2009.
O tempo foi passando e eu só consumia os singles da Madonna. Acompanhei por cima a era MDNA em 2011, que é bem bagunçada e autotunezada, assim como os lançamentos posteriores. Ouvia uma vez e outra.
Durante a pandemia, fui arrumar a casa ao som do Confessions on a Dance Floor, de 2005. Uma delícia do início ao fim. É a pista de dança do início ao fim. Depois fui me aventurar no profundo Ray of Light, o trabalho mais maduro, e lançado em 1998.
Enfim, fui descobrindo a extensa discografia dela, até comprei um LP usado do The Immaculate Collection, a primeira coletânea, e foi bem estranho saber nem que fosse só um trecho de alguma música presente nele. Percebi na primeira ouvida que Madonna esteve próxima de mim o tempo todo, tal qual um anjo abençoado da cultura pop, esperando ser explorada, tocada e acariciada (ui, Erotica!)
O show foi anunciado e claro que não consegui ir ao Rio de Janeiro ver ao vivo. Mas vi a transmissão em um The Lights abarrotado de gente querendo ver em primeira mão esse show histórico.
Meu namorado, que consome Madonna que nem eu antes da pandemia, topou a aventura e fomos até o bar. Chegamos um pouco atrasados, fomos espremidos por pessoas que não podiam ficar dançando no local que estavam e tinha que ir ao bar ou banheiro a cada cinco minutos.
Enfim, vamos ao show!
Ou melhor, vamos ao fim dele
…
Passei uns cinco minutos em silêncio, e em êxtase. Não faz muito sentido, eu sei, mas qualquer pessoa que goste de música pop saí transformado depois desse espetáculo de turnê.
De propósito, não acompanhei tanto a turnê pelo Twitter como fiz com a Renaissance Tour, da Beyoncé. Queria me surpreender.
Já sabia que ela começava com Nothing Really Matters, uma belíssima canção que não era cantada há mais de 20 anos. Uma das minhas favoritas dela, com uma mensagem poderosa demais. Foi arrepio do início ao fim.
A mudança entre Holiday e Live to Tell foi emocionante. Entre as dezenas de cabeças à minha frente, não tinha entendido o peso da transição de uma música para outra. Em um momento, uma Madonna dançante e celebrativa está com amigos e um por um eles vão sumindo… foi uma referência mais que direta às pessoas que morreram por conta do HIV.
Live to Tell já era bastante compartilhada nas redes sociais por conta das montagens que passam no telão. No Brasil, ela colocou algumas personalidades como Cazuza e Renato Russo.
Outro momento que foi marcante foi quando ela cantou Bad Girl enquanto a filha tocava piano. Foi tocante por dois motivos:
Ninguém tava cantando essa no bar. Achei estranho, aí lembrei que é do Erotica, que recentemente comprei o LP e lembrava somente do refrão.
A transmissão travou e deu pra sentir uma segurada de respiração de todos no recinto. Uma mulher - que acho que é a dona do bar - pega o microfone do bar e diz que já volta ao normal e que “ainda bem foi em uma que ninguém conhece”
Fiquei surpreso com isso e no dia seguinte fui ver o clipe de Bad Girl no YouTube. Lindo, tem história e uma direção pra lá de bonita. Vou deixar o link aqui, pode ir ver e depois volta pra tu ler o resto, eu te espero!
Lindo, né? Fala de pulsão de morte e afins.. vale a pena procurar interpretações depois
A ballroom bitch foi a Anitta, o que me surpreendeu porque achava que seria a Pabllo. Quem queria live de Faz Gostoso (2018) pode esperar sentado. Não rolou. Acho que nem a Madonna lembra da letra dessa música.
A homenagem para Michael Jackson, mais pro final do show foi muito bonita. É outra personalidade que não deve ser esquecida. A versão de Ray of Light nessa turnê também ficou muito boa, bem mais eletrônica do que a original.
Depois eu só lembro que a Pabllo Vittar apareceu em Music e senti que perdi um pouco da audição. Os gritos eram tão altos e ecoaram de uma forma tão doida que eu só ouvia uma coisa muito estranha. Tapei meus ouvidos tal qual eu tapava quando criança quando tinha fogos, atividade esta cujo barulho me incomodava/me dava gastura.
Falando em criança, foi assim que a minha interior foi curada ao fim do show. Quando ela apareceu cantando Celebration, que é a última canção, com um enorme lenço na cabeça, me lembrei do Mario que via clipes na TV, que dançava na batida de uma música pop bem feita, que usava toalha na cabeça (escondido, lógico) esperando por uma boa celebração.
Madonna e os convidados foram apoteóticos, foi uma noite para entrar na história. O efeito Madonna está no ar. Não se sente mais sexy e poderosa como a Madonna de Erotica? Ou mais crítica como uma Madonna do American Life? Ou mesmo uma Madonna introspectiva como em Ray of Light ou uma dançante como em Confessions On a Dance Floor e em Music?
Madonna é, e sempre será, a cara da música pop.
Essa foto foi feita durante a era Ray of Light, em 1998, supostamente pro alter ego da Madonna pro disco, a Veronica Electronica. Não encontrei maiores informações sobre a foto ou sua origem. Todos os direitos reservados.
Guia rápido da Madonna
Eu ainda ia escrever, ou fazer um vídeo pro Tiktok, sobre a discografia da Madonna. Mas ainda não desbravei a fundo os discos dos anos 1980. Mas, recomendei os meus favoritos para minha amiga Clara, então aqui vão:
Vou na ordem do mais pop para o mais experimental crítico. E por favor, ouça o disco inteiro! Não faça igual a geração Tiktok, obrigado!
1. Confessions On A Dance Floor (2005)
Tenho a mais absoluta certeza que você já ouviu pelo menos Hung Up desse disco com inspiração na música disco (jura?). A sequência da já citada com Get Together e Sorry é o suprassumo de boa música para seus ouvidos - e corpo. Você vai ouvir e querer sair desfilando. Gosto também da turnê, foi uma das mais completas dela.
2. Bedtime Stories (1994)
Apesar de ser grosseiramente compreendido como o “álbum limpeza de imagem”, ele nunca foi só isso. Para contexto: ele veio depois do controverso Erotica e do Sex Book. Madonna foi super criticada na época por dar voz aos desejos de uma mulher e falar de fetiches. O Bedtime Stories tem uma pegada mais R&B, é muito bom pra ouvir de noite. Tem clássicos como Human Nature (a versão da turnê de 2008 consegue ser ainda melhor), Secret e a canção título, que foi escrita pela Björk!
3. Ray Of Light (1998)
Aqui ela tava muito inspirada no budismo, na cabala e na yoga. Também tinha acabado de dar à luz a Lourdes Maria, a primeira filha. Então, as influências estavam em todo lugar. Ele é experimental, é eletrônico, é até dificil dizer. Eu gosto de ouvir esse quando estou viajando de carro, dá pra se perder nas melodias lindas feitas pelo William Orbit. Nothing Really Matters, Substitute for Love, Ray of Light e Frozen são as mais lindas. Madonna está no seu melhor vocal. Melhor, todas são lindas, recomendo o disco do início ao fim.
4. Erotica (1992)
Como eu disse no tópico 2, o Erotica foi polêmico do início ao fim. Junto ao lançamento teve o livro de fotos Sex, fotografado por Steven Meisel e Fabien Baron. O disco e o livro, em geral, falam de amor, desejo, sexo e também dor. É um disco bem sexy, de forma geral Possui muita influência da house music. É nele que estão Erotica, Deeper and Deeper, Bad Girl, Why is It So Hard. Foi o disco com mais músicas performadas na turnê, sendo o total de cinco em toda a setlist. Acho um disco bem classudo na verdade, é bom ouvir com calma.
5. American Life (2003)
O mais esquecido da carreira da Madonna, mas confesso que é um dos melhores. Colocaria ele em segundo lugar, mas pela experimentação dele, o uso adequado de autotune e o estilo folktronica, deixo ele em quinto pra quem quiser começar. É o segundo álbum mais político da Madonna, o Madame X é o primeiro. A faixa título teve clipe censurado por mais de 20 anos e já até inspirou outro post aqui na newsletter. O que mais me encanta nele é o quão atual ele soa, os temas políticos parece que pararam no tempo e continuam até hoje.
Gosto demais de Hollywood, Love Profusion, Nothing Fails e XStatic Process.
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