Eu sobrevivi ao Gagacabana
Um mês da loucura do show da Lady Gaga em Copacabana. Todas as fotos desse post foram feitas por Luiz Henrique Coutinho
O metrô até que ia tranquillo. Eram poucas estações até a Cantagalo. Arthur e eu já sabíamos que seria puxado. Foram meses se preparando na academia (ele até lesionou a coluna), perda de peso e maratonas. Claro, que maratonas virtuais, vendo vídeos e mais vídeos no tiktok sobre onde comer e se divertir no Rio e a melhor vista para curtir o show.
A saga começa com a gente chegando no apartamento alugado pelo meu amigo João Vitor, na rua Leopoldo Miguez, em Copacabana. O João Vitor teve muita sorte, foi de última hora e sei lá como conseguiu esse Airbnb em Copacabana. Certeza que pagou o triplo do valor nele.
Combinei com o Arthur de que o show seria desfrutado como um casal. Afinal, a viagem era de casal, éramos só nós dois no quarto e nos passeios turísticos. Foram tantas coisas de dois em dois que a ida ao show se tornou um grande grupo por acaso.
Sem planejar, a gangue foi crescendo: João Vitor não veio só, trouxe Estefânia, que conheci lá na hora. Fayher, meu amigo de faculdade que não via desde 2022, apareceu por lá. (Ele inventou uma mentira de que a gente tinha se esbarrado em uma esquina qualquer no Rio e vou com ela até o final). Foi um desses encontros bonitos, sabe? Admiro Fayher tanto pessoal como profissionalmente e ele está lá curtindo esse momento histórico com a gente. A sexta integrante será introduzida na trama em instantes.
Eu, coitado de mim, achava que esse distanciamento meu e de Fayher teria acontecido por descuido de ambos. Ainda no Rio, no domingo depois do show, no nosso bar de estimação, o Zuzu Goró (no baixo Botafogo), ele confessou como os últimos anos foram difíceis pra ele e pra família dele. Tá perdoado, amigo!
Então, a trupe estava reunida e pronta pro badalo, pro show da nossa vida, em busca de um espaço nas areias de Copacabana. O almoço foi na esquina do apartamento, na própria Leopoldo Miguez. Confesso que amo essa dicotomia de Copacabana ser residencial, mas em cada esquina há um bar ou restaurante com delícias em formas de prato feito.
Arthur achava que Copacabana seria similar à nossa Beira-Mar. De antemão contei pra ele que Copa tem um estilo próprio. Uma decadência encantadora. Tem puta e puteiro de luxo. Tem cinema, loja de vestido de noiva, tem apartamento antigo, tem o Copacabana Palace, tem mendigo e tem empresário, tem de tudo em um bairro só.
É como escreveu Natércia Campos no texto “Copacabana mon abajur”, presente no livro Copacabana Dreams (que inclusive estou lendo agora, e é uma carta de amor ao bairro espalhada em vários textos, uns curtos, outros longos e uns sem sentido lógico, mas poético! PS: Arthur que me indicou)
“Eu moro em Copacabana
Para mí, Copacabana es el país de cabeleira acaju
Safári sénil, casais epilépticos, gringos sarnentos
e bebês gigantes”
O escolhido para o almoço foi o restaurante Tipicamente, que ficava na esquina do Airbnb. Arthur foi no milanesa de frango, prato que comeu quase todos os dias em nossa estadia em terras cariocas. Eu confesso que nem lembro o que pedi, só sei que fui na mentalidade de pedir algo que viesse muito e bem variado pra aguentar o tranco.
Todo mundo animado pensando no show. Era uma garfada, um assunto novo. Nesse tanto de conversa fiquei muito feliz que todo mundo se dava bem. Amo quando meus amigos de diferentes círculos se conhecem e a coisa anda, é como ver dois universos se colidindo. Desejo besta infantil meu de querer que todos meus amigos sejam amigos entre si.
Eram quase 14h quando passamos pelas barricadas aos arredores das areias de Copacabana. A gente estava na divisa da praia. Acho que em termos comparativos alencarinos, andamos a distância entre o Naútico e a Praia de Iracema.
Nem parece ser tão longe assim, foram cerca de 2km, mas sob o sol forte, com multidão, com fumaça de churrasquinho, com ambulante gritando, com caixa de som alto, com gente que dormiu na grade e tá passando mal e sendo levada por bombeiros. Um caos total, um gostinho de Mayhem!
Matado o primeiro leão do dia, fincamos o guarda-sol (cortesia do dono do airbnb do João Vitor), tal qual colonizadores, em frente ao terceiro telão. Até que ficamos bem localizados, afinal eram dez telões. Para resumir a descrição visual, segue o video que fiz no dia:
Pegamos um pouco de sol, mas depois que a bola de fogo desceu por trás dos prédios da orla, tudo ficou mais tranquilo. Eram duas cangas na areia, água, muita comidinha. Até a guarda que fez a revista disse “hmmmm!” quando viu o tanto de chocolate que levamos. Destaque para a barra Milka do João Vitor que mais tarde foi roubada sem querer querendo.
Nesse cenário antes caótico e agora tropical, comecei a conversar com uma menina que veio em grupo e estava com a canga atrás da gente. Ela e a trupe dela vieram de ônibus, de São Paulo. A interação foi tanta que fiz a maior demonstração de carinho diante do cenário, que era “segurar a canga enquanto ela ia ao banheiro”. Eles iriam embora no mesmo dia, também de ônibus. Espero que eles tenham chegado bem em casa.
Haviam rumores de que teriam DJs fazendo a abertura do show. Costumo dizer que o show todo, Mayhem On the Beach, que faz parte do grande evento Todo Mundo no Rio foi uma experiência que dividi entre céu, purgatório e inferno, não nesta sequência.
Show 1 - O purgatório: batendo leque como sinal de socorro
O primeiro DJ set foi anunciado em parceria com a Corona, patrocinadora do evento. Os quatro DJs entraram no pôr-do-sol. Animação grande, quem tinha leque batia. Eram as duplas Cat Dealers e o Dubdogz.
Na minha recente vida noturna, já ouvi falar de ambas duplas, e fiquei animado pela possibilidade de ser um grande set. Sei que costumam fazer show aqui pelo Terminal Marítimo de Passageiros por um preço bem salgado e fiquei pilhado achando que seria uma grande coisa. E não foi. De forma alguma.
Chegou na terceira música e eu deixei de curtir. Decidi que poupar energia era melhor. Digo que a canção mais recente que eles tocaram (salvo umas três) era de 2010. Não sei quem brifou os quatro DJs de camisa branca, mas quem fez tal façanha fez ruim.
A sensação é de que os quatro chegaram lá sem saber de nada e plugaram o pen drive dizendo “Formatura 2010” e deixaram rolar. Começava a música, o público empolgava, leques batiam no ritmo da música, beat drop, e começava a próxima. Sem linearidade nenhuma. Por mais de uma hora, parecia que eu ouvia a Jovem Pan em 2012.
Dizer que foi ruim é até elogio. Foi péssimo mesmo. Qualquer DJ iniciante que toque em algum bar do Benfica faria algo mais interessante e atrativo ao público.
A única parte boa foi quando pediram para o público ligar a lanterna do celular e automaticamente um coral em uníssono surgiu atrás de mim. Todo mundo gritando “NÃAAAÃÃÃÃAAAAO”
Show 2 - Um pedacinho de céu: Pabllo Vittar e todo seu carisma
Perto das 19h, chegou a DJ que a gente fingiu que era surpresa. Assim, havia todo um rumor de que seria a Pabllo Vittar com o Club Vittar, seu projeto de DJ super recente, que começou no Carnaval deste ano. A gente soube pelo telão que era ela, pois estavam testando as câmeras com a logo do projeto.
Pabllo chegou e os leques se multiplicaram. A lace loira, que provavelmente vale o preço do meu apartamento, se via de longe. Ela entregou muito. Gosto é algo pessoal, isso não está na discussão, mas Pabllo, com todos os pequenos erros de transição (que eram divertidos de ver, inclusive), entregou muito mais animação do que os quatro DJs de camisa branca que tocam a muito tempo.
Ela tocou Swine, por exemplo, uma faixa raivosa da Gaga, do álbum ARTPOP, que provavelmente ela não canta desde 2014. Faixa feita pra tocar em festa, um EDM raivoso que fala da experiência dela como vitima de estupro.
Foto: Wallace Barbosa/Agnews
Ela tocou o remix de Fun Tonight, que ela é artista convidada, tocou algumas músicas dela e ainda tocou Bombando Brinque, da Xuxa. Sim, Xuxa Meneghel. Essa faixa é um drum and bass gostosíssimo, lembro que adorava ouvir essa no projeto Xuxa Festa (2005). E também tocou o refrão de “Noite Preta” da Vange Leonel que apenas o Arthur, no raio de viados disponíveis ao nosso redor, reconheceu por ser um viadinho noveleiro.
Era êxtase coletivo, era leque batendo, era a beats fazendo efeito. Tinha quebrado outra promessa que era a de não beber durante o show, não sei se aguentaria ficar o tempo todo em pé, sem ir ao banheiro e bêbado. O que acontecia era: Fayher, que não é bobo nem nada, comprava beats e dava pra gente.
Chegamos então na nossa sexta integrante: Larissa, prima carioca da Estefânia. Em dado momento, depois das introduções básicas, ela aparece com uma sacola cheia de beats e coloca na minha direção. Eu me fiz de doido e fiquei tímido, fingindo que não via aquela sacola de delícias, de bebidas altamente açucaradas e perigosamente alcóolicas na minha frente.
- Já eu pego. - Eu disse, afinal, tinha acabado de terminar uma latinha.
O engraçado foi uns dez minutos depois, quando ela ofereceu a sacola pro Arthur, ele não aceitou também, no que ela respondeu:
- Pode pegar. Não comprei bebida pra ficar parada
Foi aí que todo mundo começou a curtir e a beber. Com o set da Pabllo, o show havia de fato começado. Dava pra ver o quão feliz e orgulhosa a bicha estava em cima do palco.
Show 3 - Caindo no sonho gótico da Gaga - Mayhem on the Beach
Depois do fervo do set da Pabllo, o sangue começou a esfriar. O cansaço quis fazer morada, mas não deixei. Só eu e Fayher ficamos em pé, todo o Acampamento das Bonecas (nome carinhoso que dei) estava sentado.
O show da Gaga estava previsto para começar às 21:45. Deram 21:50 e nada. Cada segundo parecia uma hora. O tempo não passava.
Quando deu 22h, o palco começou a brilhar, a gente sentiu que era hora. Começou a primeira interlude. Quem tava sentado se levantou. Começaram os primeiros minutos com o coral pré-gravado entoando a ópera caótica de Gaga. Os acordes de Bloody Mary levaram a praia à loucura. Mas sabe que horas a areia tremeu?
ABRACA DA BRA, COPA CA BAAAA NAAAAA
A segunda música do show é um de seus maiores hits nessa década. Todos os leques surgiram batendo no ritmo da música. Foi catarse total.
Foto: Luiz Henrique Coutinho
Não consigo colocar em palavras a sensação de estar lá, vendo o show da minha artista favorita, tema do meu TCC, trilha sonora da minha vida, com pessoas que amo tanto.
Eu achava que eu passaria o show de casalzinho, igual aquele meme das iguanas abraçadas.
Quando vi, estava o Arthur atrás de mim, olhando pro telão, boquiaberto. Eu estava do mesmo jeito. Houve um momento que achei que ele estava com raiva de mim ou algo do tipo por que a gente ficou um pouco distante um do outro, mas eram os dois em total choque com aquele espetáculo acontecendo diante das nossas retinas.
Cada interlude nos preparava para uma nova seleção de hits que ia começar, o êxtase era coletivo. Foi mágico. A energia da Gaga lá em cima, ela chocada com o calor do público.
Em Scheiße, ela faz uma nova versão desse deepcut do álbum Born This Way (2011). Se antes a coreografia tinha inspiração militar, agora é sexy e envolvente. Na introdução da música, Gaga entoa um “Obrigadãaaaan” que fez o público entrar em êxtase.
Em Garden of Eden, ela pede pro DJ a atingir com as luzes. O engraçado é que DJ não costuma mandar em luz de festa, mas vamos dar a licença poética. Estava ansioso pra ver essa porque ela toca guitarra, se joga no chão e faz um break dance maravilhoso. Obrigado Parris Goebel! (Coreógrafa e diretora da turnê junto com a Gaga)
Foto: Luiz Henrique Coutinho
Eu estava tão em choque com tudo que só sabia olhar pro telão e me deixar ser atingido pela Gaga. Confesso que chorei um pouco em Paparazzi, pensei “essa é a música que começou tudo”, lembro dela no VMA de 2009, sangrando pra todo mundo ver e falando dos perigos da fama logo no primeiro disco.
Desde o início da carreira, Gaga trazia esse pop que se mascara de algo superficial para trazer algo mais profundo como letra ou visual. Paparazzi é sobre os perigos da fama, Poker Face é sobre bissexualidade, Born This Way é um hino de aceitação, Rain on Me é sobre traumas, por aí vai… daria pra fazer um livro de tanta semiótica.
Killah é outra surpresa. Quando vi que a música era em parceria com o Gesaffelstein, eu esperava algo dark pop, visto que o produtor enigmático (ele usa uma máscara à la Daft Punk) produziu os últimos trabalhos do The Weeknd. Fomos presenteados com uma faixa experimental, a cara do ARTPOP, o “disco esquecido”.
A parte final da música, que conta com Gaga gritando loucamente no microfone e com o baterista da turnê, Tosh, brilhando e quebrando tudo na bateria no palco. Tosh, inclusive, é um querido, sempre curte meus comentários no instagram, o que em minha ilusão, nos configura como amigos.
Foto: Luiz Henrique Coutinho
Nessa pequena turnê, Paparazzi faz referência ao clipe. Ela sai de muletas e faz uma versão acústica da canção. É arte pura ali na nossa frente. Chorei, mas se eu chorasse mais sabia que ia cansar. Então enxuguei as duas tímidas lágrimas que saíram de mim, fingi que estava ali no palco e let’s fucking go!!!!
O show transcorreu muito bem, até em The Beast, que é uma das mais apagadas por quem ouve o disco teve seu momento de brilhar. How Bad Do U Want Me, que confesso, detestava porque parece um descarte da cantora-água-de-salsicha Taylor Swift ganhou um novo significado e nova roupa pro show no Brasil.
Em Bad Romance, que foi a última música, é novo look e queria que eu já tivesse a capacidade de voltar pro início. Os fogos brilhavam na orla, se explodindo no céu, se misturando com nossos gritos de felicidade e realização. Gaga já tinha saído do palco, mas voltou junto com a equipe de dançarinos. Estes, maravilhosos por sinal, cada um teve um momento para brilhar e estava afiadíssimo nos movimentos.
Ficou os dançarinos e ela, a mãe monstro, a performer, a cantora… Estava ali diante de nós algo mais profundo e quase impenetrável. Gaga, mas também Stefani. Parecendo criança olhando pro seu se iluminando, Gaga se despiu de sua máscara de performer e deixou só sua aura de garota italiana deslumbrada com o mundo.
Ela olhava sem acreditar pro show feito pra ela no céu, um agradecimento coletivo. Foi lindo.
Tá ficando chato já, né? Dizer que foi lindo, vocês já entenderam que foi lindo.
Foto: Luiz Henrique Coutinho
Interlúdio
Terminado o show de fogos e as brincadeiras de Feliz Ano Novo, estendemos de novo a canga no chão. Agora, finalmente foi a vez de me sentar. Quem tinha que ir embora, pegou seu rumo. Ainda teria um pós, que seria o show do Tropikillaz e Duda Beat. Já vi os shows de ambos artistas e digo com todas as letras - vale muito a pena.
Porém, um sentimento estranho invadiu nós seis, um tipo de desespero. Do nada, decidimos ir embora. Acho que o desespero foi porque pensamos, erroneamente, que quem tava lá no final viria para frente. Sim, teve um pessoal que veio vindo na nossa direção, mas olhando agora o ato de ir embora pouco tempo depois foi a maior burrice já feita.
Inferno - Acordar é se perder em Copacabana
Depois de ter organizado tudo dentro da bolsa, fomos os seis andando, na tentativa de sair da areia. Digo tentativa porque ainda na areia o trânsito estava péssimo. Devia ter sido um sinal pra gente ficar e esperar um pouco, mas ignoramos e continuamos andando.
Ufa, finalmente algo sólido nos pés. Chegamos à calçada e era outro mar de gente. Nessas horas de multidão, parece que ninguém pensa. Todo mundo ia na mesma direção, mesmo tendo várias saídas espalhadas pela orla. É o tal efeito manada.
Não lembro que horas isso aconteceu, e pouco importa pra narrativa porque a gente só queria sair dali vivo. Só sei que em dado momento, num aperto humano, uma travesti grita do meu lado:
- VOCÊ ACHA QUE MINHA NOITE FOI BOA?
Olho assustado pro lado e vejo um homem muito bêbado balbuciando uma resposta dizendo que a noite tinha sido ótima.
- MAS VOCÊ ME COMEU POR ACASO? ME COLOCOU A NOITE TODA PRA ARRASTAR A PORRA DESSE COOLER - gritou ela
No meio dessa DR, eu sinto uma coisa roçando no meu tornozelo. Era o dito cooler. A mulher revoltada porque não foi comida e passou a noite toda carregando peso e o homem pra lá de Bagdá dizendo nada com nada. Meu senso de humanidade bateu, queria dizer “moça, não é hora pra briga… calma”, mas eu só prendi a respiração e tentei andar.
Você não levantava o pé, mas era empurrado pela multidão. Quando entramos na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, pensei que o inferno tinha acabado. Enganado estava, fodido fiquei.
Quando finalmente chegamos na dita estação Siqueira Campos, um fluxo de gente vinha da praia, enquanto outro fluxo vinha pra cruzar quem ia pra estação. Nós estávamos nesse segundo fluxo. Rocei sem querer em muita gente, e o empurra-empurra continuava.
Foi nesse momento que eu e o Arthur nos perdemos do resto do grupo. Eles foram empurrados pela multidão em direção ao metrô. Passamos por mais dois perrengues relacionados a fluxo de gente e metrô.
Dado momento, eu e ele ficamos esperando do lado de um carro da policia. Foi aí que deu a vontade louca de mijar, minha bexiga acumulando líquido desde às 15h. Não queria ser preso por atentado ao pudor e mijar na árvore do lado do policial, então segurei mais.
Nesse momento, nem 36, 4G e nenhuma abençoada invenção tecnológica funcionava. Até SMS tentamos. Fayher conseguiu a duras penas me ligar e decidimos nos encontrar na porta do apartamento do João Vitor.
Eram só duas quadras de onde eu estava com o Arthur, então o pior já tinha passado. Eu acredito que um relacionamento se sustenta por um esquentadinho que vai pela emoção e outro que é mais calmo e racional. Enquanto eu surtava de estresse, o Arthur me acalmava. Até no caos existe espaço pro romance.
Chegamos no bendito apartamento. Glória a Deus, finalmente a paz. Será? Do nada inventaram de ir no mercado, deixando eu e Arthur plantado por mais de meia hora em frente ao apartamento, sem poder entrar, até porque a gente não tinha alugado nada lá e o porteiro não ia abrir pra dois menino cheio de areia e do cabelo ensebado por causa da maresia.
Aí eu só disse: “segura minha bolsa”, e me dirigi a uma linda árvore possivelmente centenária. Abaixei o short e performei a coisa mais hétero dessa viagem. Melei a árvore toda de mijo, entre suspiros de alívio. Me senti como um cachorro dizendo que ali era minha zona, saiam todos daqui! Existe DNA meu em alguma árvore da rua Leopoldo Miguez.
Chegaram, finalmente, João Vitor e Estefânia, quem tinha alugado o apartamento. Fayher chegou junto e eu só queria ir embora. Nessa movimentação toda, Arthur combinou com ele da gente ir juntos de Uber. O preço, por ética do cronista, prefiro não comentar… mas foram três dígitos.
Nesse cenário, eu tirei o sapato, meu pé latejava demais. Na bolsa, além das águas, tinha a deliciosa barra de chocolate Milka, que sem querer levamos rs. Foi nossa sobremesa.
O carro chegou e perguntou se era pra Barra da Tijuca, bairro do hotel do Fayher. Mas antes tinha nossa parada em Santa Teresa. Eu só me calei de tão cansado que estava, mas o que rolou foi que o motorista só tinha aceitado pelo mapa do aplicativo, e não pela rota.
Aí ele pediu pra cancelar a corrida, e nisso meu pé latejando e eu pensando “meu Deus, ele vai deixar a gente na rua”, mas nisso de cancelar, o motorista ia receber o valor total de três dígitos e não a mixaria que o aplicativo repassa à ele. Então no final deu tudo certo e ele foi um querido!
E o after que gastei uma grana que seria na Sacadura 154? Ficou pros sonhos e pra próxima. Pedimos uma pizza deliciosa, comemos o chocolate roubado de sobremesa e dormimos felizes. Eu faria tudo de novo e morreria com um sorriso no rosto!
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